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Simplificar ou complicar: como a reforma tributária desafia a gestão fiscal das empresas?

Por Felipe Almeida

Simplificar ou complicar? Entra ano e sai ano, dúvidas e incertezas acerca da reforma tributária permanecem no centro das discussões empresariais. O impacto dessas mudanças ganhou ainda mais relevância após a sanção do primeiro projeto de regulamentação pelo presidente Lula, estabelecendo regras para os novos impostos que farão parte da transição tributária a partir de 2026. Este cenário exigirá das empresas um planejamento cuidadoso para garantir conformidade e minimizar riscos.

O Brasil é conhecido por ter um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, apresentando uma carga tributária de 32,39% do PIB, conforme estudo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) – sendo o 24º entre os países com maior arrecadação proporcional.

Neste contexto, a reforma tributária tem como objetivo simplificar as regras, consolidando tributos estaduais, federais e municipais em dois impostos principais: o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que substituirá PIS, COFINS e IPI, e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que unificará ICMS e ISS.

Embora o objetivo seja reduzir a complexidade e os custos do cumprimento das obrigações tributárias, as mudanças também trazem desafios significativos para as empresas. Entre eles, destacam-se: a adaptação de sistemas tributários, em que durante o período de transição, será necessário operar com o modelo atual e o novo, exigindo maior controle e atenção às normas; e a gestão do fluxo de caixa, uma vez que as alterações nas alíquotas e na estrutura de tributos podem aumentar os desembolsos financeiros, impactando o capital de giro.

Há ainda, como um dos desafios principais, a adaptação tecnológica, tendo em vista que os sistemas de gestão precisarão ser atualizados para refletir as novas regras e garantir precisão nas apurações. Além disso, a capacitação e escassez de especialistas também é um ponto a ser observado, pois a falta de profissionais qualificados pode dificultar a implementação e gestão das mudanças tributárias.

Para minimizar os impactos e aproveitar as oportunidades que a reforma tributária pode oferecer, é essencial que as empresas tomem medidas proativas, como: revisão de processos internos para adaptar as rotinas fiscais e atender às novas exigências; e o investimento em tecnologia, já que, a partir da atualização do sistema ERP e utilização de soluções de compliance tributário, é possível reduzir erros e aumentar a eficiência operacional.

Dentre as ações que devem ser tomadas nesse período pelas organizações, também se destaca a capacitação de equipes, que pode ser aplicada através da realização de treinamentos com os colaboradores para lidarem com as mudanças e agregarem conhecimentos tributários às operações diárias; e planejamento financeiro, com foco em estruturar um plano robusto de fluxo de caixa, a fim de absorver eventuais aumentos de custo durante o período de transição.

Considerando a sucessão de medidas, é importante enfatizar a importância de uma consultoria especializada. Com o apoio técnico específico para interpretar e aplicar as novas regras de forma estratégica, é possível garantir a conformidade e mitigar riscos em toda a jornada de adaptação.

É importante enfatizar que a reforma tributária não deve ser vista apenas como um obstáculo, mas como uma oportunidade de modernizar processos e aumentar a competitividade. A adoção de ferramentas tecnológicas avançadas e o acompanhamento especializado podem transformar esse momento em um diferencial estratégico.

Empresas que se anteciparem na adequação às novas normas terão vantagens significativas frente à concorrência. O tempo para agir é agora. Por isso, planeje, invista e capacite sua equipe para que, em 2026, sua organização esteja não apenas em conformidade, mas preparada para crescer em um ambiente tributário mais transparente e eficiente.

Felipe Almeida é diretor de operações SAP S/4HANA, Thomson Reuters e BPO do Grupo INOVAGE.

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